terça-feira, 26 de maio de 2009

A Sociedade do Espetáculo

A sociedade do espetáculo dita as normas de comportamento. Coloca a aparência como essencial, transforma as pessoas em mercadorias e usa a publicidade como meio de persuasão.

Por trás disto, está o capitalismo e a necessidade constante de gerar capital. A mídia se alimenta do lucro gerado pela publicidade e propaganda e, para que estas tenham grande êxito, é preciso que a sociedade esteja alienada.

A realidade se torna distante de modo que facilmente se mistura à ficção. A mídia vende um mundo irreal. A mentira vira verdade absoluta.

Aliada a tudo isso, está à publicidade, maior encarregada de propagar a ilusão. Ela vende um mundo mais agradável do que o real, se aproveitando da necessidade do homem moderno de consumir para se sentir pertencente à sociedade. O ser não tem importância. Prepondera o ter.

O espetáculo doa sentido ao indivíduo. A propaganda preenche o vazio e o sonho do homem. Mesmo que ele não possa consumir um dado produto, ao menos pode consumir o sonho possuí-lo um dia. O espetáculo e a publicidade se apresentam como o mundo perfeito, tal qual como gostaríamos que ele fosse.

O consumismo se apresenta como oportunidade de fugir do comportamento padronizado exigido pela sociedade. Ele é a busca pela felicidade e pelo prazer imediato. Com a volatilidade das coisas, o ideal de consumo é a novidade, mas na sociedade do espetáculo as necessidades nunca serão satisfeitas.

Somos bombardeados por uma série de imagens que são reflexos da vida real, tornando o homem mais passivo e facilitando a instauração do espetáculo. O homem troca à realidade pelo consumo de fatos e estórias.

Celebridades de mentes vazias contribuem em vender um mundo irreal e empobrecem a mídia. A falsa felicidade esbanjada por elas é cobiçada por aqueles tão vazios quanto. Quem se preocupa com fama e dinheiro, com parecer e aparecer tem lugar garantido. Falta espaço para arte e inteligência.

Somente quem topa qualquer tipo de jogo sujo e concorda com a propagação de mentiras conseguem trabalho. A mídia quer escândalos e deixa de lado suas principais funções. Os meios de comunicação deveriam ser usados para levar informação ao público de maneira clara e objetiva. Cultura, arte e entretenimento também deveriam ser transmitidos.

A arte e a comunicação estão comprometidas. Seja no teatro, na música ou na televisão o vazio de conteúdo é visível. A juventude não demonstra interesse por assuntos relacionados à política e ao social, se mostrando cada vez mais alienada. A mídia explora misérias humanas em busca de ibope. Reflexo do capitalismo.

Esta crise é mantida e agravada por aqueles que desejam fama e dinheiro, desvalorizando as profissões ligadas à arte e informação. Atores se submetem a cachês e trabalhos ridículos, contribuindo com a queda da qualidade dos trabalhos e a desvalorização da profissão de ator. Produtores, na busca pela audiência, querem apenas aquilo que serve plasticamente, também contribuindo com a queda de qualidade em prol do Ibope.

A cultura nasce produto seguindo um modelo de como agradar ao público. A realidade é criada de acordo com as ideologias de mercado.

Somente aquilo que possui qualidade e conteúdo, fica na lembrança histórica. Não encontramos hoje obras que retratam nosso período.

O teatro, como qualquer outro tipo de arte, deveria refletir política, social ou culturalmente um povo. É preciso buscar algo menos vazio, diferente de tudo o que vemos atualmente. A maioria das peças traz assuntos irrelevantes como tema central. Não gera reflexão, não retrata costumes e hábitos da sociedade e/ou não aborda problemas referentes à vida política ou social.

O mesmo se encaixa para outros tipos de arte, como a música. Letras com baixa entropia ocupam o ranking das paradas de sucesso. Os jovens não possuem conhecimentos artístico e informacional para melhor selecionar os produtos que consomem.

Para melhorar o cenário cultural do Brasil, é necessário fortalecer a educação e incentivar a cultura. É preciso deixar de lado a apatia e sempre observar e interpretar o que nos circunda. É importante buscar o que está por trás dos fatos para que não sejamos levados pelos outros e para despertar nossa visão própria a respeito das coisas. Também em relação à arte é essencial desenvolver o senso crítico e buscar qualidade, pois através dela também é possível absorver conhecimento e informação.

O espetáculo é o discurso ininterrupto que a ordem atual faz a respeito de si mesma, seu monólogo laudatório. É o auto-retrato do poder na época de sua gestão totalitária das condições de existência. A aparência fetichista de pura objetividade nas relações espetaculares esconde o seu caráter de relação entre os homens e entre classes: parece que uma segunda natureza domina, com leis fatais, o meio em que vivemos. Mas o espetáculo não é o produto necessário do desenvolvimento técnico, visto como desenvolvimento natural. Ao contrário, a sociedade do espetáculo é a forma que escolhe seu próprio conteúdo técnico. Se o espetáculo, tomado sob aspecto restrito dos “meios de comunicação de massa”, que são sua manifestação superficial mais esmagadora, dá a impressão de invadir a sociedade como simples instrumentação, tal instrumentação nada tem de neutra: ela convém ao automovimento total da sociedade. Se as necessidades sociais da época na qual se desenvolvem essas técnicas só podem encontrar satisfação com sua mediação, se a administração dessa sociedade e qualquer contato entre os homens só se podem exercer por intermédio dessa força de comunicação instantânea, é porque essa “comunicação” é essencialmente unilateral: sua concentração equivale a acumular nas mãos da administração do sistema os meios que lhe permitem prosseguir nessa precisa administração. A cisão generalizada do espetáculo é inseparável do Estado moderno, isto é, da forma geral da cisão na sociedade, produto da divisão do trabalho social e órgão da dominação de classe. (DEBORD: 1997, p. 20).

Guy Debord é um pensador francês que nasceu em Paris no dia 28 de dezembro de 1931 e morreu no dia 30 de novembro de 1994. Seu trabalho mais importante é A Sociedade do Espetáculo a qual será usada como base neste post.


Fonte:

DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998.

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